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Imagem disponível no site Ancine. Acesso em 12 jun. 2012. |
Concorrente na mostra Competitiva Olhares Brasil de Longa Metragem do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, o filme retratado no sertão mineiro pode ser considerado uma mescla de ficção e documentário, ainda que esteja mais inclinado a este do que para o primeiro, pois na maior parte da projeção acompanhamos o cotidiano da carismática Dona Bastú, seus familiares e conhecidos na pequena cidade onde o tempo parece ter parado e as tradições como o batuque e as superstições comuns do povo do interior.
Justamente nesse contexto é que passamos a presenciar os elementos ficcionais contidos no filme a partir do ponto em que Feliciano, marido de Bastú, falece dormindo e ela não expressa nenhum sentimento ou reação diante da fatalidade. Confidenciando suas memórias com a amiga batuqueira Maria e gradativamente retoma lembranças antigas visitando locais que costumava passar o tempo com o esposo, os diretores Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina fazem com que a humilde senhorinha presencie momentos sobrenaturais como ao cantar no rio e voltando aos tempos de juventude ou quando ela passa a ouvir os barulhos do trabalho de Feliciano na oficina, mesmo ele não estando mais lá.
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Imagem disponível no site Cinema 10. Acesso em 12 jun. 2012. |
A fotografia com uma tendência maior a planos internos recebe composições que ajudam no contraste entre o novo e o antigo, além de explicitar a recente solidão de Bastú. Há momentos para reflexão assim como para se descontrair, como na sequência em que Bastú encontra no armário um revólver antigo e conta com saudosismo a uma das netas a euforia de se ouvir os tiros nas festas de batucadas. Por mais que o ritmo do filme não proporcione impactos e torne a experiência um pouco cansativa, sem dúvidas a cena mais emblemática ocorre quando Bastú vai ao rio carregando uma mala, fazendo com carinho uma simbólica despedida. Como um redemoinho, o filme é uma história de mudanças que aos poucos vão acontecendo pela trilha da vida e que muitas vezes passam despercebidas.
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Imagem disponível no site UOL Cinema. Acesso em 12 jun. 2012. |
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