Por Débora Avadore
Cartaz do filme: Johnny e Cleo na piscina do Marmont. Fonte: www.scsomewhere.com |
Sim, e esse sonho começa a desmoronar ao vermos que não importa que Johnny tenha uma Ferrari que alcance 200Km/H, ele deve respeitar o limite de velocidade da cidade e o carro vai morosamente pela rua com um ronco constante e entediante. E quanto ao hotel luxuoso? Johnny mora no Chateau Marmont, o icônico hotel que abriga estrelas hollywoodianas desde Greta Garbo procurando uma reclusão, passando pelos caras do Led Zeppelin correndo com suas motos pelo jardim, até Marilyn Manson e Evan Rachel Wood tendo seu primeiro encontro. E o que Johnny Marco está fazendo lá? Comendo miojo e jogando Guitar Hero sozinho.
Toda vez que Sofia Coppola escreve um roteiro, ela reúne fotos que a inspirem, aqui vemos uma colagem das imagens usadas por ela para fazer Um lugar qualquer. Fonte: www.scsomewhere.com |
Johnny Marco está em busca de um pouco de movimento na sua vida tão chata e parece que pagar dançarinas de pole dance não está sendo a melhor solução. Até que Cleo (Elle Fanning) chega em seu mundo inerte e Johnny terá que passar um tempo com ela, afinal, de vez em quando é bom que pais passem um tempo com suas filhas. É este fiapo de relação que é o ponto mais importante da história e que irá promover uma grande mudança no protagonista.
Quando falo que o protagonista busca
movimento, falo literalmente. Ele é especialmente fascinado em sentar e contemplar outras pessoas dançando e se mexendo, enquanto ele próprio vê a cena apático, mas com admiração. Esta é uma das coisas que mais chama a atenção no roteiro: um protagonista que não entra em ação. E no meio daquele universo luxuoso das celebridades, com bebidas e seios à mostra, aparece Cleo, a simpática filha negligenciada de apenas 11 anos. Ela é um respiro de normalidade e candura no universo do pai, levando-o a movimentar-se novamente.
Cleo e Johnny Marco na Ferrari. Fonte: www.scsomewhere.com |
Johnny leva a filha para uma festa. Fonte: www.scsomewhere.com |
A estória explora a sensação do vazio e da solidão onde não imaginamos que eles deveriam estar. Eu, pelo menos, só espero de uma Ferrari e do Chateau Marmont, muito som, fúria e festinhas memoráveis. Então vem o choque: o filme é um marasmo, porque de marasmo ele está tratando. O ritmo de vidas vazias e arrastadas em lugares tumultuados e cheios de Lost in Translation (Sofia Coppola, 2003) aparece novamente na montagem deste filme, que tem seu primeiro diálogo após 15 minutos de imagem.
A estória vai pra frente através de cenas simbólicas, que mostram uma vida degradada pela apatia sem drama e choro. Atenção para os minutos iniciais e finais, onde vemos a mudança operada em Johnny através de sua relação com o carro. A trilha sonora, que é sempre um destaque nos trabalhos de Sofia Coppola, traz uma seleção pertinente, com Phoenix, Foo Fighters, The Strokes, Sebastien Tellier e até mesmo uma bem encaixada So Lonely do The Police. O roteiro, além das peculariedades já citadas, marca uma mudança temática na carreira de roteirista de Sofia Coppola, que depois de um filme tão menininha como foi Maria Antonieta, se transporta para um ponto de vista masculino e retoma a linha temática de Lost in Translation, sem fugir do cerne de toda a sua filmografia, que são estórias sobre personagens em transição.
Um lugar qualquer foi aclamado pela crítica, sendo nomeado pela National Board of Review como um dos melhores filmes independentes de 2011 e acumulou um Leão de Ouro, o prêmio máximo do Festival de Veneza.
A estória vai pra frente através de cenas simbólicas, que mostram uma vida degradada pela apatia sem drama e choro. Atenção para os minutos iniciais e finais, onde vemos a mudança operada em Johnny através de sua relação com o carro. A trilha sonora, que é sempre um destaque nos trabalhos de Sofia Coppola, traz uma seleção pertinente, com Phoenix, Foo Fighters, The Strokes, Sebastien Tellier e até mesmo uma bem encaixada So Lonely do The Police. O roteiro, além das peculariedades já citadas, marca uma mudança temática na carreira de roteirista de Sofia Coppola, que depois de um filme tão menininha como foi Maria Antonieta, se transporta para um ponto de vista masculino e retoma a linha temática de Lost in Translation, sem fugir do cerne de toda a sua filmografia, que são estórias sobre personagens em transição.
Um lugar qualquer foi aclamado pela crítica, sendo nomeado pela National Board of Review como um dos melhores filmes independentes de 2011 e acumulou um Leão de Ouro, o prêmio máximo do Festival de Veneza.
Ficha Técnica
Roteiro e Direção: Sofia CoppolaDireção de Fotografia: Harris Savides
Edição: Sarah Flack
Elenco principal: Stephen Dorff, Elle Fanning, Chris Pontius
Trilha Original: Phoenix
Obs.: O fim do trailer de Somewhere é I G U A L ao fim do trailer de Lost in Translation.
ResponderExcluirFilme difícil de digerir no começo mas que, como todas as obras de Sofia Coppola, acaba encantando. Elle Fanning atua maravilhosamente bem e rouba a cena em muitas partes do filme. É ótimo.
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