Disponível em: Empire Movies - Acesso em 11 jun. 2012
Adaptação do best-seller homônimo de Lionel Shriver, o filme já deixa claro, logo no começo que será uma projeção que está ali para incomodar, com personagens que fogem do termo “normalidade”. Temos planos que não fazem sentido algum, sons, diálogos que não conseguimos juntar, isso logo nos primeiros minutos de projeção.
Depois
disso começamos a acompanhar a vida de Eva (Tilda Swinton), uma
mulher aparentemente odiada pela comunidade aonde vive, com seus
pensamentos e transtornos, fica claro que ela não é a pessoa mais
normal do mundo, através de flashbacks conhecemos seu passado, seu
marido e seus dois filhos, Kevin em particular. Kevin
(Ezra Miller) é um bebê que chora o tempo todo, uma criança que
usa fraldas porque não se desenvolve como os outros, que odeia a mãe
por um grande período, torna a sua vida um verdadeiro inferno. A
própria Eva fala ao filho pequeno que, após seu nascimento, sua
felicidade acabou. Em praticamente 80% do tempo essa relação de
amor e ódio fica muito clara, até o momento em que Eva engravida
novamente, dessa vez, uma menina. Kevin, enciumado começa a criar
laços com a mãe e negar a figura paterna, algo que dura pouco, até
que ele se afasta de ambos.
Disponível em: Clothes on Film - Acesso em 11 jun.2012
No
segundo ato vemos Kevin atualmente preso, sabemos que algo que ele
fez pode ter tornado a vida de sua mãe um inferno, a ponto de todos
a odiarem, de sua casa ser danificada, seu carro pintado, etc. Mas o
filme deixa toda a explicação para o final, nesse meio tempo vamos
vendo Eva, completamente sozinha, transformando sua casa em um lugar
habitável.
Do aspecto técnico, o
que salta aos olhos (e ouvidos) durante toda a projeção é a
direção de atores, Tilda e Ezra criam uma tensão sempre que estão
em cena, algo que leva o espectador a pensar que aquela situação,
aquele vulcão emocional, está prester a eclodir. A direção de
Lynne Ramsay é simples porém intensa, a escolha dos planos, o
ritmo de cada take, tudo nos leva a esse final surpreendente, criando
um misto de apreensão e insegurança, do começo ao fim. Um
diferencial é a sonorização, os sons sem nexo no começo do filme
aparecem no meio da narrativa, os irrigadores do jardim, o som de
flechas atingindo seu alvo, tudo tende a guiar quem assiste para a
importância de tais objetos dentro da história, apenas no encerramento do terceiro ato é que essa sonoridade faz sentido.
Disponível em: Bitchin' Film Reviews - Acesso em 11 jun.2012
Por fim, temos um
terceiro ato de tirar o fôlego enquanto, em 15, 20 minutos, todo o
filme conecta-se diante de nossos olhos, todos os pontos, os planos
sem nexo logo no começo, os sons que se tornam familiares durante a
projeção, tudo faz sentido. E aí que percebemos que, tanto Kevin
como Eva, estão longe da normalidade.
Talvez o inferno criado por ele para que ela habitasse, seja uma maneira de uma criança conseguir a atenção da mãe apenas para si.
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