18/06/2012

We Need to Talk About Kevin

Disponível em: Empire Movies - Acesso em 11 jun. 2012

Adaptação do best-seller homônimo de Lionel Shriver, o filme já deixa claro, logo no começo que será uma projeção que está ali para incomodar, com personagens que fogem do termo “normalidade”. Temos planos que não fazem sentido algum, sons, diálogos que não conseguimos juntar, isso logo nos primeiros minutos de projeção.

Depois disso começamos a acompanhar a vida de Eva (Tilda Swinton), uma mulher aparentemente odiada pela comunidade aonde vive, com seus pensamentos e transtornos, fica claro que ela não é a pessoa mais normal do mundo, através de flashbacks conhecemos seu passado, seu marido e seus dois filhos, Kevin em particular. Kevin (Ezra Miller) é um bebê que chora o tempo todo, uma criança que usa fraldas porque não se desenvolve como os outros, que odeia a mãe por um grande período, torna a sua vida um verdadeiro inferno. A própria Eva fala ao filho pequeno que, após seu nascimento, sua felicidade acabou. Em praticamente 80% do tempo essa relação de amor e ódio fica muito clara, até o momento em que Eva engravida novamente, dessa vez, uma menina. Kevin, enciumado começa a criar laços com a mãe e negar a figura paterna, algo que dura pouco, até que ele se afasta de ambos.

Disponível em: Clothes on Film - Acesso em 11 jun.2012

No segundo ato vemos Kevin atualmente preso, sabemos que algo que ele fez pode ter tornado a vida de sua mãe um inferno, a ponto de todos a odiarem, de sua casa ser danificada, seu carro pintado, etc. Mas o filme deixa toda a explicação para o final, nesse meio tempo vamos vendo Eva, completamente sozinha, transformando sua casa em um lugar habitável.

Do aspecto técnico, o que salta aos olhos (e ouvidos) durante toda a projeção é a direção de atores, Tilda e Ezra criam uma tensão sempre que estão em cena, algo que leva o espectador a pensar que aquela situação, aquele vulcão emocional, está prester a eclodir. A direção de Lynne Ramsay é simples porém intensa, a escolha dos planos, o ritmo de cada take, tudo nos leva a esse final surpreendente, criando um misto de apreensão e insegurança, do começo ao fim. Um diferencial é a sonorização, os sons sem nexo no começo do filme aparecem no meio da narrativa, os irrigadores do jardim, o som de flechas atingindo seu alvo, tudo tende a guiar quem assiste para a importância de tais objetos dentro da história, apenas no encerramento do terceiro ato é que essa sonoridade faz sentido.

Disponível em: Bitchin' Film Reviews - Acesso em 11 jun.2012

Por fim, temos um terceiro ato de tirar o fôlego enquanto, em 15, 20 minutos, todo o filme conecta-se diante de nossos olhos, todos os pontos, os planos sem nexo logo no começo, os sons que se tornam familiares durante a projeção, tudo faz sentido. E aí que percebemos que, tanto Kevin como Eva, estão longe da normalidade. 

Talvez o inferno criado por ele para que ela habitasse, seja uma maneira de uma criança conseguir a atenção da mãe apenas para si.







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