07/07/2011

Dogville



Senhoras e senhores, meninos e meninas de todas as idades, caros internautas cinéfilos e escelentíssimos transeuntes virtuais: apresento a vocês o filme que me fez odiar Lars Von-Trier.

Grande Depressão de 30. Uma cidadezinha pacata e minúscula no meio dos EUA, uma jovem fugitiva de mafiosos, um rapaz que propõe ajuda dos habitantes da cidade para abrigá-la em troca de pequenos favores que com o tempo vão ficando cada vez maiores e piores... Dogville é tecnicamente extraordinário e artisticamente inovador, com sua ausência de cenário e a habilidade de seu elenco ao abrir e fechar portas que não existem, entre outras coisas; é depressivo ao mostrar claramente que as boas intenções do ser humano não passam de mentiras que escondem sua natureza perversa e, como sempre, xenofóbica.

Como de costume Lars Von-Trier não tem escrúpulos para chegar aos resultados que quer quando faz um filme e suas protagonistas são prova viva, como elas mesmas dizem. Mas isso não é novidade e não foi esse o início de meu ódio pelo cineasta, pois quando assisti ao filme eu sequer sabia de seus meios. Aliás, quando o vi pela primeira - e última - vez, eu era uma adolescente de 17 anos facilmente influenciável e filmicamente vulnerável. Não consegui suportar ver Dogville na íntegra, adiantei várias partes, e ainda assim fiquei aflita, nervosa, ansiosa para que a mocinha conseguisse escapar da cidade e, de uma vez por todas, acabar com o meu sofrimento. Entretanto, quem viu o final do filme sabe que Grace Mulligan faz uma escolha para o destino finalde seus agressores: defensora do amor ao próximo, da misericórdia e do perdão, eu condenaria a escolha de Grace até o último... Entretanto não consigo negar que, naquela época, na pele da jovem vítima eu sei que faria exatamente a mesma escolha.

Hoje tenho 20 anos e sou um pouco mais madura; não odeio Lars Von-Trier como antes odiava, mas nunca concordarei com seu pensamento, sua ética e seus meios. Não sei se após assistir novamente ao filme eu teria a mesma reação de três anos atrás, mas o fato é que isso já não me interessa mais. O que sei é que o cinema "larsvontriano" proporciona sessões de angústia, melancolia e depressão que definitivamente não preciso e nem quero ter gratuitamente - entre aspas gratuitamente, já que se paga pra ver o filme.

Lin Marx
@linmarx

Um comentário:

  1. Eu amo Lars Von Trier!, em excepcional este filme! o cinema é feito da forma que uns querem vê-lo como querem e outros veem o que precisam, eu prefiro aquele que mostre-me não o que quero mas o que preciso para ocorrer transformações... desculpe, é só minha opinião, em momento algum tiro seu direito de espaço crítico.
    Talvez eu esteja fadada as tragédias, e sinta necessidade de cutucões para uma auto-análise de atitudes equivocadas que possa estar tomando sem consciência alguma, e daí me deparo com filmes deste porte e me ponho a pensar e refletir sobre tudo.
    Abs!

    Ray =]

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