07/07/2011

Valsa com Bashir


Uma animação que não ganhou o Oscar de seu ano e sequer ficou entre os finalistas, concorrendo apenas como Melhor Filme Estrangeiro. Uma produção israelense dirigida por Ari Folman, num surpreendente formato de “documentário animado”.

O filme retrata as tentativas do próprio diretor, um veterano da Guerra do Líbano de 1982, de recuperar suas memórias perdidas dos eventos que marcaram o massacre de Sabra e Shatila.

Além da ousadíssima proposta do filme, retratando a crueldade e o ridículo da guerra
com até mais intensidade do que o aclamado “Apocalipse Now”, “Valsa com Bashir” é, sem dúvida, um delírio para os olhos.  O capricho dos traços e movimentos é tamanho que fez muitos duvidarem se o filme não fora feito com rotoscopia, de tão detalhada e bem desenhada que é a animação. A paleta de cores, intercalando sempre entre tons de amarelo e azul, as sombras contrastantes, o ritmo da trilha sonora, tudo isso aumenta a dramaticidade sem pender para exageros e ainda confere ao filme um ar ao mesmo tempo triste e misterioso,
que vai pesando cada vez mais conforme as memórias vão surgindo à mente de Folman.

Valsa com Bashir pode até retratar uma guerra específica, mas não perde tempo com explicações. Talvez intencionalmente, já que consegue fazer referências tanto à guerra do Vietnã quanto aos campos de concentração nazistas, mostrando que independente da época
e das supostas justificativas, tudo não passa de uma barbárie que trará sofrimento e traumas tanto para quem é vítima, quanto para quem pratica.

Magnífico e extremamente adulto em todos os seus aspectos, um filme que merecia, no mínimo, ter ficado entre os finalistas de Melhor Animação.


Lin Marx
twitter.com/linmarx

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