29/04/2011

El Labirinto del Fauno – Dir. Guilhermo del Toro – 2006 – [[[[[[SPOILER]]]]]]

Como pode a delicadeza, sutileza estarem diretamente ligadas na mesma proporção com atos e pensamentos hediondos em mundos paralelos tão distintos? Será este o tal equilíbrio tão procurado por todos? Meio que passa por uma frase cantada em uma música da banda finlandesa Nightwish “Wish I Had An Angel” que diz mais ou menos assim: “... as obras mais belas vem dos pensamentos mais sombrios...”.

Direção de fotografia belíssima de Guilhermo Navarro, direção de arte mais perfeita e bela ainda, além da trilha estupenda de Javier Navarrete que caminha em total plenitude com a história, faz mergulhar nos dois mundos altamente complexos do roteiro. O Mundo particular de Ofélia, menina de 10 anos que foi morar em Navarro (Espanha) com sua mãe, batendo de frente com o mundo do Capitão Vidal, padrasto facista completo “puxa-saco” da ditadura de Franco. A narrativa se desenrola em 1944 após cinco anos do término da Guerra Civil Espanhola, mas com grupos ainda resistentes, os tais “rebeldes” comunistas que seguem na luta contra o ditador Franco, sendo função do Capitão Vidal, combatê-los. O horror da ditadura e seus “pau-mandados” é trabalhado de forma mínima, mas muito intensa intercalado ao mundo fantástico de Ofélia, que descobre um labirinto e conhece Pan que lhe “impõe” 3 desafios que devem ser vencidos antes da lua cheia. Pois acredita firmemente, que Ofélia é a princesa desaparecida do mundo das fadas e que está prestes a voltar. As batalhas íntimas da menina de 10 anos são de uma delicadeza mórbida, morbidez que resulta de maus-tratos recebidos do padrasto, falta de melhor orientação por parte de sua mãe ignorante que está grávida e doente, somado aos desafios estabelecidos por Pan. Já a delicadeza resulta do ponto de vista dela como criança, de que forma interpreta o mundo, “expressa” sua sabedoria nata ao jeitinho infantil.

Analisando por um eixo mais extenso, associo Ofélia um pouco ao Peter Pan, criança que deseja ser eternamente criança, quando se depara com os primeiros obstáculos, sofrimentos, decepções e imediatamente tem gana de voltar atrás e esquecer que algum dia passou por isto, nem que para isso tenha que enfrentá-los para se livrar, o que é bem contraditório.

Com a morte de sua mãe, devido ao nascimento de seu irmão, a menina encontra-se completamente só, mas como diz o próprio filme, “a inocência tem um poder que o mal nem imagina”, ela faz amizade com Mercedes, uma “rebelde” infiltrada disfarçada de empregada na casa que a protege de seu padrasto.

O roteiro é cheio de detalhes referente a personalidade dos personagens, a obsessão pelo controle é visível no habito doentio do Capitão Vidal em ficar a todo instante olhando o relógio de bolso e tomar nota escrita, de tudo que acontece, revelando um alto grau de vaidade dentre inúmeras manifestações da mesma.

Caramba! Posso ficar aqui horas falando a respeito desta maravilhosa história e todas suas sutilezas mascaradas, e críticas escrachadas, principalmente quase ao fim do filme, na hora do sacrifício de Ofélia para salvar seu irmão, será que ela morreu? Ela cresceu? Qual foi a “metamorfose”? Guilhermo Del Toro conseguiu dar um dinamismo único ao filme, uma paradoxal “simbiose” roteiristica. Olhos desatentos discordarão totalmente, dirão que de dinamismo não tem nada, pois é um filme parado, e cansativo, por isto afirmo, olhos desatentos.

Quem gosta de seguir pistas, desvendar mistérios no quesito “universo paralelo humano” a caráter de “fantasia”, O Labirinto do Fauno está entre uma das melhores escolhas!

Rayat Lyrians

2 comentários:

  1. Rayat, pare de tomar alucinógenos na hora de escrever suas críticas!!! Peter Pan é uma coisa, o Pan de Fauno é outra... rsrsrsrsrsrs...

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