29/04/2011

The Rapture – 1991 – Michael Tolkin

SPOILER! SPOILER! SPOILER!

A fé por uma entidade superior ronda a raça humana desde os seus primórdios, surgindo antes mesmo de uma escrita, sendo adaptada pelos babilônicos, egípcios, gregos, persas, romanos, pelas sociedades medievais, e chegando até a nossa cultura social atual. Porém, chegamos a um momento em que várias entidades divinas foram criadas, junto ao surgimento de várias religiões e seitas, que chegamos a perguntar se essa fé é real ou apenas um instrumento para esconder a verdadeira identidade de um individuo. E utilizando desta questão fundamental que Michael Tolkin concebeu seu estranho O Juízo Final, levantado até onde a fé cega pode levar um individuo desmotivado.

Tudo começa com Sharon, interpretada por Mimi Rogers, que durante o dia trabalha como agente de comunicações (nome bonito para a atendente de telemarketing) e a noite sai com um amigo atrás de casais que desejam experiências extra-conjugais. Porém ela sempre sente a pressão de uma vida errada e a falta de algo para completá-la, até conhecer Randy numa dessas noites e começar a se dedicar a uma seita que diz que o mundo irá acabar em seis anos. Vendo uma razão para viver dentro desta seita ela arrasta Randy e vivem seis anos de felicidade, criando uma família perfeita que nem mesmo a morte dele abala a estrutura. A perfeição familiar conquistada por Sharon é posta em prova quando “Deus” envia um sinal dizendo que ela e sua filha devem ir ao deserto esperar a “mão celestial”. A partir disso, Sharon e sua filha esperam por meses a “mão de Deus”, porém após matar a sua filha por essa fé passa a negar seu amor por Deus.

Neste ponto, Tolkin deixava claro que a religião torna as pessoas alienadas, porém acaba traindo a si mesmo ao mostrar o fim do mundo da forma como a seita previa, numa seqüência extremamente elaborada. No fim, temos Sharon sozinha no limbo, recusando a Deus de todas as formas possíveis. O filme, que tinha tudo para ser um arrasa quarteirão, derrapa nos seus últimos dez minutos, quando Sharon, não se sabe o por quê, não deseja ficar com sua família no Paraíso.

Mas a maior dúvida persiste: Até que ponto a fé faz bem para as pessoas? Tolkin se propôs a responder isso e falhou terrivelmente!

Robson Martins.

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