El Método (2005) uma produção entre Argentina, Espanha e Itália, dirigida pelo argentino Marcelo Piñeyro tendo também seu envolvimento no roteiro com Mateo Gil, adaptado da peça teatral de quatro atos do catalão Jordi Galcerán “El Método Ghrönholm” (2003), que por sua vez deve ter se inspirado em Bertolt Brecht quando este disse: “... sábios alemães tentaram-se a abdicar de seu saber em mãos de chefes nazistas...” casa perfeitamente com este filme que narra a trajetória de sete candidatos que disputam uma vaga de emprego. Transpondo a frase de Brecht, podemos dizer que é visível no roteiro, pessoas que omitem parte de seu potencial por medo do “insucesso” em mãos de chefes que talvez saibam menos que os próprios interessados na vaga, ao mesmo que sofrem certa “dislexia” quanto a ética em relação aos concorrentes. Sim, humilhações em larga escala!
Traduzido para o português como “O Que Você Faria?” vencedor do prêmio Goya de melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante de 2006, El Método retrata a crueldade sutil e escancarada dos processos de seleção com dinâmicas de grupos um tanto quanto bizarras, que muitas empresas aplicam, neste caso, com o nome fictício de “grönholm”. O desespero da empresa por ter o melhor profissional faz com que esta, direcione as respostas dos candidatos e aquele que melhor souber interpretá-la será contratado. Os candidatos são trancafiados em uma sala, onde terão que passar por inúmeras provas, e uma delas é descobrir um infiltrado da empresa. Ou seja, um pé em falso, e seu emprego do sonhos, já era. Além de estarem sendo “big brotheados” o tempo todo, é quase que 1984 empresarial; quem leu esta obra de George Orwell, entenderá o que digo. A história toda praticamente se passa dentro desta sala na capital espanhola, Madrid.
Diálogos ricos em conflitos, indagações, que geram situações bem delicadas, e inúmeras perguntas principalmente sobre ética. Até que ponto uma pessoa é capaz de ir para ser contratada? Até que ponto uma empresa pode tocar um terror psicológico em seus candidatos? Que tipo de perfeição exigida é esta, a ponto de tornar um ser humano robô? Sim, demonstra uma frieza robótica, pois no mesmo dia as ruas de Madrid estão tomadas por manifestos violentos devido a uma reunião do G8, que não impede da seleção acontecer.
Bom, quanto a montagem, atuação do elenco, não há do que reclamar. Num roteiro em que quase não há movimentação de personagens, e mudanças radicais de locação, tem que se ter um excelente diretor de cena para conseguir prender a atenção do público com os nuances, expressões milimétricas por assim dizer, do atores. E isto Marcelo Piñeyro conseguiu perfeitamente bem. Já a trilha sonora, posso dizer que não me chamou a atenção tanto assim, até por que tem muito pouco destaque, mas nota-se Tom Jobim de fundo em uma das cenas inciais.
Simplesmente finalizo que, é estupendo este filme!
Rayat Lyrians
Nenhum comentário:
Postar um comentário