26/05/2011

Fish Tank – 2009 – Andrea Arnold


SPOILER! SPOILER! SPOILER!

A infância e a juventude rebelde sempre foram temáticas para o cinema, tendo seus principais representantes lá pelos meados dos anos 50, com filmes como The Bad Seed (retratando uma criança possessiva / possuída) ou o clássico Rebel Without a Cause (com jovens nem tão jovens fazendo rachas, bebendo, e fugindo de suas casas), tão populares hoje em dia no círculo de críticos. Andrea Arnold, usufruindo deste conhecimento, brinda-nos com a sua visão de como seria esta juventude rebelde, adaptando-a aos costumes atuais, dentro de uma Inglaterra marginalizada, criando um filme único sobre como uma família não deve ser (e olha que a família de Little Miss Sunshine é perfeita perto desta!): este filme é Fish Tank (lançado no Brasil com os títulos de À Deriva e Aquário), vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2009, além de outras premiações mundo afora.

A premissa do filme é simples: Mia, uma jovem de 15 anos, sonha em se tornar uma profissional de street dance, é para isso deve enfrentar todos que atrapalham seu caminho, desde sua mãe beberrona ao namorado sedutor dela. Porém, dentro desta linha de narrativa, temos uma das personagens que mais sofre por ser adolescente: durante todo o filme vemos a rejeição da mãe por Mia e o interesse incestuoso de Connor, namorado-quase-marido de sua mãe (sentimento que, alias, é recíproco), além dos problemas com a irmã menor, extremamente lesada por uma vida já abalada por vícios (leia-se drogas e álcool). A grande chance de Mia subir na vida é um concurso de dança, na qual ela recebe o suporte de um amigo “acidental” e do próprio Connor.

A partir deste momento parece que a vida de Mia começa a se encaixar nos eixos mas, devido a sua atração sexual por Connor e pela decepção com o mesmo (que possui uma outra família bem estruturada escondida das vistas de Mia e de sua mãe) ela desiste do trabalho e da vida em família, fugindo para Londres com o seu único amigo, e escapando do lar corregedor para o qual a sua mãe deseja enviá-la.

Arnold é clara ao explicitar os altos e baixos da juventude, usando como espelho a novata Katie Jarvis, que incorpora magnificamente dentro de si uma jovem sem motivação nenhuma na vida. O palavreado, os gostos musicais, os figurinos, são itens que fazem a identidade desta garota, que deseja ser amada do jeito que ela é. Ela não é nenhuma santa, mas é cheia de sentimentos caridosos repreendidos (vistos principalmente na sua tentativa exaustante de resgatar um cavalo à beira da morte), vistos apenas por seu amigo ‘acidental”.

Na verdade, Fish Tank não é um filme sobre a juventude transviada ou sobre crises de família: Arnold entrega um filme que mostra a realidade, focando nos guetos da atual Inglaterra, tão marginalizados pelo cinema que passam despercebidos pela atual cultura política mundial. E ao mostrar esta realidade inesperada inglesa, ela ainda relembra a nossa própria realidade, lembrando que não há muitas diferenças entre um país de primeiro mundo com um emergente.

- Robson Martins.

Um comentário:

  1. Quero muito ver este filme por isto me poupei dos spoillers, valeu por avisar = )

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