26/06/2011

I Spit on Your Grave – Meir Zarchi – 1978

Para quem é fanático em cinema de terror, sabe que existe regras substanciais para se manter vivo. Entre as regras mais comuns de filmes como Pânico, Hostel ou Jogos Mortais, temos as clássicas “nunca ir a um local abandonado” ou “nunca sair sozinho” ou “nunca confiar nos outros”. Usando por base essa “filosofia” dos filmes de terror, Meir Zarchi decide dar à sua protagonista, Jennifer Hills, um aperitivo do que ocorre ao desrespeitar essas “leis”.
Em A Vingança de Jennifer (infeliz título nacional...), a bela e sem graça Jennifer (interpretada pela também bela e também sem graça Camille Keaton) comete os três erros citados acima: ela decide largar a vida agitada de cronista em Nova York para se dedicar ao seu primeiro livro, indo para uma casa à beira rio durante o verão, num local paradisíaco e afastado da metrópole, de forma que a paz do local transmita bons pensamentos para a sua criação. À primeira vista, as pessoas da cidade são legais, como o jovem Matthew, que se torna amigo de Jennifer. Porém a presença dela desperta o interesse de três homens da cidade que, juntos ao patético Matthew, armam uma emboscada para capturar ela. O que ocorre a partir disso é o mais longo estupro do cinema, durando certa de 20 minutos e dividido em três atos e em três lugares diferentes dentro do imenso bosque que rodeia o casarão. Após os estupros e dada como morta para os homens, ela decide ficar e recuperar forças para realizar a melhor coisa do filme: a doce vingança (que, aliás, é o título que o remake recebeu)!


Daí em diante, o que é exibido em tela é tudo o que o espectador deseja ver: A doce e ingênua Jennifer dá lugar a perigosa e sensual Jennifer, que decide dar as caras e seduzir um a um de seus estupradores para dar-lhes a merecida morte. Entre essas mortes esta a clássica cena da banheira, onde um dos estupradores perde a principal “peça” de seu corpo. Cena essa que é tão cultuada que faz do filme inteiro um Cult.
Tecnicamente, o filme peca em tudo: elenco fraco, narrativa pobre, edição e fotografia precária, e direção despreparada. Porém a artificialidade da imagem permite que o público se divirta com as situações construídas perante a câmera. Eis ai o maior erro de Hollywood em relação a este filme: refilmá-lo no ano passado como uma versão à lá Jogos Mortais, exagerando na grosseria das cenas de vingança e tornando o conteúdo e a motivação nulas.
A antiga sutileza hollywoodiana de mostrar um homem sendo castrado subjetivamente deu lugar à violência gratuita (mesmo que justa, segundo a trama), expondo o público a algo nem um pouco apreciável. Em outras palavras, o mal-gosto americano presente nos frames de A Vingança de Jennifer se adaptaram a uma nova geração de forma mais visceral e, digamos, despreziva, no remake Doce Vingança. E os americanos adoram isso!

- Robson Martins.

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