SPOILER!! SPOILER!! SPOILER!!
Quem vê este filme pela primeira vez, pensa: “O que foi isso?”. Sedmikrásky é simplesmente uma anomalia para o cinema, e é por isso que ele é fascinante: um filme sem roteiro, com atuações improvisadas, totalmente "avesso" ao seu período histórico (os preparativos para a primavera de Praga, que mudou o rumo da Tchecoslováquia)... ou nem tão avesso assim.
Em resumo, o que se passa na tela durante uma hora e meia são várias esquetes com duas garotas, uma morena e outra loira (e de pernas tortas, pra deixar bem claro), aprontando por ruas de uma cidadela reclusa na Tchecoslováquia, invadindo bares e atraindo velhos solteiros para lhe pagarem banquetes divinos. E só.
Agora me pergunto: O que faz disto fascinante? Dentro dessa ausência de narrativa, é possível encontrar lá no fundo (bem lá no fundo mesmo) uma forma tímida de protesto que a diretora Vera Chytilová encontrou para criticar o estado em que seu país se encontrava no período, cercado pelo caos e o medo de uma guerra eminente. Chytilová, ao colocar essas duas garotas alegres a andar pelas ruas sem motivo aparente, mostra um pouco da felicidade que existe escondida. E é impossível não se divertir ao ver as duas improvisando e barbarizando com questionamentos filosóficos sobre como o mundo está decaindo, sempre finalizados pela pergunta “Você se importa com isso?” e a resposta “Não!”. E o que dizer do final, onde simplesmente as duas somem de cena restando apenas imagens em preto e branco de cidades sendo destruídas. Ai está o protesto de Chytilová (ou no mínimo minha interpretação do protesto): a guerra faz a felicidade (as duas meninas) morrer!
Realizado de forma totalmente experimental, Sedmikrásky é uma das poucas comédias que possuem um forte posicionamento político e crítica ativa, dividindo a cena com seu conterrâneo Horí, má panenkó (O Baile dos Bombeiros), de Milos Forman, comprovando uma teoria na qual eu acredito: Qualquer filme, seja longa ou curta, seja drama ou comédia, pode refletir as necessidades de sua sociedade num período e mantê-las marcadas eternamente no inconsciente cinematográfico.
Sim, Sedmikrásky faz isso, e por isso acredito que é um filme que necessita ser visto e revisto muitas vezes, mesmo quando surge questionamentos como “O que foi isso?”.
- Robson Martins.
cara! esse filme é um chuchu!
ResponderExcluirpróximo podcast vou mandar Zazie no metro, viva as comédias ácidas!
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