30/05/2011

O AUTO DA COMPADECIDA



Já adianto que sou suspeito em falar sobre esse filme porque tenho pra mim que é o melhor filme que já assisti.




Tivemos obras-primas no cinema nacional desde então, como Cidade de Deus, Tropa de Elite entre outros, mas ao meu modo de ver foi a partir de O Auto da Compadecida que o cinema brasileiro foi levado mais a sério. E o melhor de tudo é que não precisou apelar pra baixaria e nem pra violência dos nossos últimos grandes sucessos, “Rio de Janeiramente” falando.




A trajetória dessa produção é bem interessante. Começou como uma peça de teatro escrita pelo excelente Ariano Suassuna e Guél Arraes, diretor da “poderosa” Rede Globo, transformou de forma magistral em minissérie e também foi Arraes que imortalizou a obra em forma de um filme magnífico.




Tá ok!!! Sei que já rasguei muita seda pra esse filme, mas não volto atrás mesmo assim.




Eu não gostava de cinema nacional e passei a prestar mais a atenção nas produções brasileiras depois de ter assistido O Auto da Compadecida.




O elenco do filme é uma jóia rara e é um dos seus pontos fortes. A química entre ator e personagem eu arriscaria dizer que vi poucas vezes no cinema mundial, parece que cada personagem foi escrito pensando exclusivamente no ator que o interpretou.




Claro que o plantel ajuda. Um dos melhores elencos já vistos numa produção brasileira. O casting tem nada mais nada menos que Fernanda Montenegro, Marco Nanini, Denise Fraga, Diogo Vilela, Lima Duarte, Rogério Cardoso e Luiz Melo.




Sem falar naquela que se tornou a dupla cômica mais afiada do cinema nacional, Matheus Nachtergale como João Grilo e Selton Mello na pelo Chicó. Os dois dão um show à parte e conseguem envolver a todos com suas confusões.




É meus amigos, sou fã mesmo.




E não é por menos. É uma produção totalmente empenhada em todos os setores. Um exemplo disso é que a minissérie exibida na TV Globo, em 1999, tem 100 minutos a mais que o longa, e mesmo assim não se nota nem um furo no roteiro ou algo que fique vagando mal entendido.




Destaco também a direção de Guel Arraes, tanto na minissérie quanto no filme.




Guel transforma o O Auto da Compadecida numa produção excelente e quebra o preconceito “vira lata” do brasileiro que filme nacional não presta.




Tiro meu chapéu para Guel Arraes porque conseguiu tirar uma produção da televisão e fazer sucesso também no cinema.




Tiro meu chapéu também para Ariano Suassuna, porque põe em uma peça de teatro, em uma minissérie de televisão e em longa metragem um dos textos mais bonitos já vistos no Brasil mesmo com as adaptações de Guel Arraes.




O Auto da Compadecida consegue imprimir um ritmo de comédia constante e mesmo assim coloca como plano de fundo o drama nordestino.




Retrato crítico de uma sociedade carente e sem opções, e essa realidade aparece por meio daquele que considero o melhor filme feito no Brasil já que parte de uma história ficcional.





Alan Dubena

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